domingo, janeiro 11, 2009

Se numa Noite de Inverno um Viajante


Como se de uma prova de obstáculos se tratasse acabei o meu primeiro romance de Italo Calvino, e a dificuldade acabou por ser proporcional ao prazer obtido. “Se numa Noite de Inverno um Viajante”, romance de 1979. Romance ou melhor romances e são dez os romances começados, cortados ou espreitados ao longo destas páginas, entremeados pelo percurso simultaneamente apaixonado e angustiado do Leitor pelo "não-romance" de título acima, leitor figura primordial deste livro, figura cujo auge é atingido perto do fim num múltiplo desdobramento, todos os romances possíveis, os leitores, as leituras, e também as censuras, as escritas, etc. são aqui apresentadas, tentadas ou mencionadas. Leitor em obsessivo contraponto com uma Leitora de curioso nome Ludmilla, outro mundo, outra história. "Leitora, agora és lida."
Fugas, disfarce e mistificação. Livros dentro de um Livro, como “naquele” cinema difícil que já não se faz. Mas a dificuldade aqui é nenhuma. E dez vezes nos entusiasmamos e dez vezes o fluxo pára, o texto interrompe-se e somos este livro no seu passeio pelos meandros do deleite da escrita, do pensamento e da paixão sobre a mesma e das histórias possíveis e impossíveis que sempre se poderão inventar.
“Seja como for, é um romance que, uma vez começado, apetece continue sem parar” (dez vezes…). E que, também, termina de uma forma brilhante – e óbvia.
"É claro que a posição ideal para ler nunca se consegue arranjar."

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