La Soledad Era Esto
“Bueno, pues la soledad era esto:
Encontrarte de súbito en el mundo como si acabaras de llegar de otro planeta del que no sabes por qué has sido expulsada. Te han dejado traerte dos objetos (/en mi caso, la butaca y el reloj) que tienes que llevar a cuestas, como una maldición, hasta que encuentres u lugar en el que recomponer tu vida a partir de esos objetos y de la confusa memoria del mundo del que procedes. La soledad es una amputación no visible, pero tan eficaz como si te arrancaran la vista y el oído y así, aislada de todas las sensaciones exteriores, de todos los puntos de referencia, y sólo con el tacto y la memoria, tuvieras que reconstruir el mundo, el mundo que has de habitar y que te habita.”
“La Soledad Era Esto” é a história de uma mulher de 43 anos a refazer uma vida – do nada. E assim é a sua escrita – como que um encantamento kafkiano que se faz do nada e ganha uma força extraordinária. Talvez este seja o retrato da solidão mais original que eu já li. E que mais se pode pedir a um livro que só trata de uma mulher sozinha a não ser que não nos largue até à última página? Eu sei, sim eu sei, a inventiva de Millás enche este nada de pequenos episódios e de uma coluna vertebral – o encontro “póstumo” da protagonista com sua mãe através da “escrita”. As relações falhadas sucedem-se – filha, marido, irmão, irmã – mas nenhuma delas realmente nos faz grande companhia. A saída para esta solidão será afinal não a saída da solidão mas o movimento da mesma. Great book, muito bem escrito, com abundante saber de quem escrever ao fazer crescer muito bem a narrativa até uma quase improvável "ressurreição".
Livro de 1990, prémio Nadal.
1 Comentário(s):
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