D.Pedro I
D. Pedro I foi rei dez anos, em meados do séc. XIV. Sobreviveu ao assassínio de Inês de Castro - degolada - para ser um rei estranho, disfórico, itinerante, justiceiro até ao excesso, festeiro, popular, um rei sem rainha, uma corte feita à medida de uma memória. São os túmulos de Pedro e Inês as 1ªs obras-primas feitas em solo português, não havendo nos duzentos anos que o reino já levava de vida obra escrita, pintada, ou esculpida que se compare. Repousam na 1ª grande arquitectura portuguesa, Alcobaça, ofuscando o resto do panteão real - hoje, Alcobaça é a igreja onde repousa o Amor em Português.
Pedro, também chamado de Cruel, conviveu no tempo com outro Pedro, Cruel, o de Castela, o homem dos Reais Alcazares de Sevilla - e logo aí pessoa do meu apreço, mas que acabou mal. Perante a grande instabilidade que viveu Castela nestes anos, sempre o nosso rei disfórico e tido como louco (de dor) conseguiu manter-se neutro, e um barómetro de paz numa península em torvelinho. Assim não foi seu filho, D.Fernando, com os resultados conhecidos.
Cristina Pimenta tem algumas dificuldades em ocultar a sua paixão pelo "seu" rei e, por outro lado, em manter acesa a chama do interesse do leitor em mais este volume da colecção sobre os Reis de Portugal. Julgo porém que, ultrapassada a aridez das páginas sobre por ex. as cortes, a mensagem principal onde se faz justiça ao Justiceiro é adequadamente transmitida.
Ah, e, já agora, lembre-se que eram os Castros família nobre galega de muita fortaleza em Castela e actores principais nas instabilidades castelhanas pelo que...
Outro dado: D.Pedro I foi ainda pai de... D.João I.
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