terça-feira, fevereiro 05, 2008

D.Duarte


Escrito por Luis Fagundes Duarte, estrouto volume da recente colecção dedicada aos Reis de Portugal foi escolhido para leitura dada a relativa pouca importância que na nossa História é dada a este Rei, cognominado "O Eloquente".
Ao fim de um texto brilhante, ocasionalmente coloquial em demasia, mas cuja coloquialidade ajuda e muito em levá-lo - o texto - até ao fim, acabamos adeptos deste Rei. Associado muito novo aos negócios do Reino por seu pai, D.João I, viveu tempos de depressão que bem descreve no seu "Leal Conselheiro", possivelmente resultado de demasiado "despacho", "pouca folgança", digamos. Os nossos gurus da cabeça Daniel Sampaio, Carlos Amaral Dias e João Lobo Antunes dedicaram-se a dissecar esta 1ª depressão real da nossa história, vivida ainda quando infante, não rei. Sagrou-se cavaleiro em 1415 - Ceuta. Escreveu, mandou escrever, traduzir, etc. Empregou Fernão Lopes, talvez no gesto mais importante tido para a Cultura Portuguesa. Depressivo mas não fraco, "prudente", uma das clássicas virtudes. O "Livro de Bem Cavalgar Toda a Sela" é o primeiro tratado europeu do género. Associado ao desastre de Tânger, cujos instigadores máximos terão sido os irmãos Henrique e Fernando, pagou este, o outro menos, desterrando-se voluntariamente para Lagos, enquanto viveu o rei seu irmão. D.Duarte foi/terá sido subvalorizado até em vida. O autor resgata a sua memória e, ao mesmo tempo, fornece-nos uma óptima janela sobre a Ínclita Geração, que de ínclita teve pouco, mas de cujas múltiplas histórias entrelaçadas vários volumes se poderiam encher. Leitura óptima, histórias excelentes. Aliás, como é possível, assim servido, não gostar de História?

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