Neve
"Neve", o último romance de Orhan Pamuk, o Prémio Nobel turco, conquistou-me irremediavelmente: aviso.
Comecei a lê-lo contrafeito, algo indisposto por ter soçobrado na minha abordagem de "El Castillo Blanco", seria pelo castelhano seria pela alguma aridez das elocubrações dos protagonistas, não sei.
"Neve" é diferente. Primeiro, é um romance que quer contar uma história e uma história actual. Acontece dentro de uma cidade, isolada por um nevão, onde parece caber toda a Turquia: curdos, islamitas, militares, laicos, exilados, ocidentalizados, you name it. E há (talvez) paixão, e há momentos de alto dramatismo - superiormente embrulhados com o habitual "monólogo Pamuk", pemitam-me... desta vez! E há telenovela, nas televisões e no coração de muitos deste protagonistas, que ainda quererão uma certa e determinada felicidade, em Kars ou em Frankfurt, não se sabe. E há sombras de véus islâmicos, e restos arménios e russos, tudo, tudo incluido portanto no volume talvez mais acessível da "discografia" de Pamuk.
Ka, o acrónimo do protagonista, Kar, "neve" em turco, Kars, a cidade fronteiriça isolada pela neve. Mas este jogo de palavras é apenas um começo. Livro excelente, parece que porém pouco popular na própria Turquia...
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