Termo de Óbidos
“Recorda-os”. Assim começa, em sub-dedicatória, o último livro de poesia de João Miguel Fernandes Jorge.
Passam os anos, nasceu este homem no Bombarral em 1943, escreve e publica há 35 anos, muitos e bons livros. Pertence a uma geração, a dos setenta, que recebeu a difícil tarefa de suceder aos desmandos da poesia “sexagenária” dos anos anteriores, antecipada pela “monstruosidade” de um Herberto Hélder, ou de um Ruy Belo. Como fazer? Para quem sabe fazer, não será difícil. E assim tem sido para JMFJ. Há 20 anos, sobre “Tronos e Dominações”, escreveu Miguel Esteves Cardoso a “boutade” de que era JMFJ “o maior poeta português vivo”. Compreensível enquanto provocação mas não só: Herberto Hélder e Cesariny já então não escreviam poesia, que se soubesse. Outros nomes não se colocavam já no auge do seu “fulgor literário”, o que quer que isso seja.
O último livro de poesia de JMFJ chama-se então “Termo de Óbidos”. E, que me lembre, é o primeiro dos seus livros que, explicitamente, recorre à infância como mote para as voltas que são 66 excelentes poemas. Poetas mais jovens, e explícitos devedores a esta poesia recorrem o caminho da viagem no tempo com demasiado afã, como se demasiado difícil fosse o diálogo hoje com o presente. O presente da poesia, como sabemos, pode sempre ser Outro, por muito Real que se use para o seu nascimento. O termo de Óbidos, noção geográfica das terras da criança João Miguel. O melhor livro de poesia de 2006 chegou em Dezembro. Tão discreto chegou que no site da editora dele (Relógio d’Água) ainda não existe registo.
Passam os anos, nasceu este homem no Bombarral em 1943, escreve e publica há 35 anos, muitos e bons livros. Pertence a uma geração, a dos setenta, que recebeu a difícil tarefa de suceder aos desmandos da poesia “sexagenária” dos anos anteriores, antecipada pela “monstruosidade” de um Herberto Hélder, ou de um Ruy Belo. Como fazer? Para quem sabe fazer, não será difícil. E assim tem sido para JMFJ. Há 20 anos, sobre “Tronos e Dominações”, escreveu Miguel Esteves Cardoso a “boutade” de que era JMFJ “o maior poeta português vivo”. Compreensível enquanto provocação mas não só: Herberto Hélder e Cesariny já então não escreviam poesia, que se soubesse. Outros nomes não se colocavam já no auge do seu “fulgor literário”, o que quer que isso seja.
O último livro de poesia de JMFJ chama-se então “Termo de Óbidos”. E, que me lembre, é o primeiro dos seus livros que, explicitamente, recorre à infância como mote para as voltas que são 66 excelentes poemas. Poetas mais jovens, e explícitos devedores a esta poesia recorrem o caminho da viagem no tempo com demasiado afã, como se demasiado difícil fosse o diálogo hoje com o presente. O presente da poesia, como sabemos, pode sempre ser Outro, por muito Real que se use para o seu nascimento. O termo de Óbidos, noção geográfica das terras da criança João Miguel. O melhor livro de poesia de 2006 chegou em Dezembro. Tão discreto chegou que no site da editora dele (Relógio d’Água) ainda não existe registo.
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