sexta-feira, janeiro 01, 2010

Cuentos de Adúlteros Desorientados.

A vida é este caminho rodeado de muros e muretes, ravinas e campos a perder de vista. Os vícios que transportamos não sei como os catalogar, se muros, se ravinas, se planícies cheias de verde, ou um caleidoscópio florido. Os livros de Millás são para mim um vício. Comprei o último no El Corte Inglês de Gaia e é uma colectânea de short stories previamente publicadas avulso que se chama “Cuentos de Adúlteros Desorientados”. Trata, como o próprio título informa, desse tema infindável que é o adultério.

Diz Millás:

“No hay estadísticas fiables sobre el número de adultérios que se cometen en el mundo cada hora, cada minuto, cada segundo, pero son tantos que casi estamos a punto de afirmar que la base del matrimónio es el adulterio.”

São histórias curtas, a maior parte delas, divertidíssimas, e no geral o adultério sai delas maltratado, malquisto, às vezes até a necessitar de cuidados intensivos. Já sabemos porém que uma instituição destas – e Millás concorda – não morre.

“- Te quiero mucho – dijo el adúltero contemplando com alguma avaricia sus pechos atrapados ya en los encajes del sujetador -, pero eso no me ayuda a comprender el porqué de las cosas. Hace años estaba convencido de que la observación atenta de las nalgas de mis amantes acabaria por revelarme el secreto de los movimientos de la bóveda celeste y de este modo sería capaz de concebir el universo. Me he acostado com muchas mujeres, no por maldad, sino por esse afán de búsqueda, pero el universo, al cabo de los años, continua resultando inconcebible para mi inteligência. Creo que ya no tengo vocación de adúltero.”

Acho porém que tal unanimismo de textos pecará, quiçá, e talvez portanto, por algum desvio de visão, e não vamos enumerar as possíveis razões para tão terminante pessimismo de Millás no que diz respeito a este tema. Podemos porém assumir que afinal este livro fica por conhecer por inteiro até porque – por má edição – o livro acaba a meio de uma história na pág. 128, e a partir daí não sabemos mais o que aconteceu, repetem-se sim as pág. a partir da 109... Lido lentamente, não me apercebi do defeito de fabrico de modo a ir a Gaia trocar em tempo útil... Pode que na história que ficou por acabar, em outra que tenhamos ficado por desconhecer por completo, um adúltero, uma mulher infiel, um par de praticantes deste desporto quase universal, enverede afinal por uma espécie de redenção do gesto, assim o escritor tenha decidido, que isto é literatura, a vida real é outra coisa, ou arte, ou ofício, caca, ranho, levedura.

“Vicente Holgado coincidió al entrar en un prostíbulo de la calle de Diego de León com un cuñado suyo que salía en esse momento, e hizo como que iba al dentista.
- Me está matando esta muela – dijo -. A ver si me la quitan de una vez. Y a ti qué te pasa?
Su cuñado pareció aceptar el juego y dijo que se acababa de hacer una endodoncia. Vicente noto que la chica de la puerta los miraba de forma rara, pero sin duda estaba acostumbrada a toda clase de preversiones y no intervino.
- Que no te hagan daño – dijo el cuñado bajando precipitadamente las escaleras.”

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