O Resto É Ruído
Este livro de Alex Ross foi um best-seller e merecidamente. Crítico americano de música famoso e com um saber enciclopédico, conta a história da música do século XX sempre tendo em atenção a petite histoire, o detalhe, o retrato, a conjugação da música com "o que se passava cá fora" - e durante o século passado passou-se sempre muito. A América tem obviamente muito peso nesta história - Copland, por ex. - mas não nos aborrecemos com esta inclinação. A crítica existe e está no texto, com asserções discretas mas marcadas sobre as obras que o século foi produzindo, mas por outro lado este livro é didático e portanto acessível ao povo algo mais ignorante destas coisas, vulgo eu. Os capítulos são bem delineados e esquematizam bem esta complicada história. Realmente, tem a história da música do século XX cores politicamente muito matizadas e extremismos ideológicos e estéticos profundos, fazendo a síntese particularmente difícil. Alex Ross tentou e, na minha opinião e não só, conseguiu-o. Parabéns pelo best-seller - isto da América país inculto tem que se lhe diga... - e sobretudo pela obra produzida.
"Era consensual ser Stockhausen o herdeiro da coroa do reino da nova música. Nenhum outro compositor era tão infatigável a inventar ou a apropriar-se de novas ideias, nem mais ambicioso a articular a missão histórica e espiritual do vanguardismo, nem mais adepto de montar, em espectáculos deslumbrantes, os últimos sons descobertos. Stockhausen tinha o estilo e a coragem de um grande aventureiro colonial, avançando por entre florestas de sons. Descrevia-se como o fornecedor de "música serial", "música pontilhista", "música electrónica", "nova música de precussão", "nova música de piano", "música espacial", "música estatística", "música aleatória", "música electrónica ao vivo", "uma nova síntese de música e palavra", "música teatral", "música ritual", "música cénica", "composição de grupo", "composição processual", "composição momentânea", "composição por fórmulas", "composição por multifórmulas", "música universal", "telemúsica", "música espiritual", "música intuitiva", "música mântrica", e, por último, e não mesmo importante, "música cósmica".
Brilhante, fluente, louro, participativo, Stockhausen exalava o que mais tarde seria designado por energia positiva, embora certas tendências bem arreigadas de autoritarismo fizessem por vezes dele um colega insuportável. Nos seus últimos anos de vida revelou uma faceta mística do seu carácter que andava perto da extravagância: tinha já vivido muitas outras vidas e dizia ter origens extraterrestres."
"Era consensual ser Stockhausen o herdeiro da coroa do reino da nova música. Nenhum outro compositor era tão infatigável a inventar ou a apropriar-se de novas ideias, nem mais ambicioso a articular a missão histórica e espiritual do vanguardismo, nem mais adepto de montar, em espectáculos deslumbrantes, os últimos sons descobertos. Stockhausen tinha o estilo e a coragem de um grande aventureiro colonial, avançando por entre florestas de sons. Descrevia-se como o fornecedor de "música serial", "música pontilhista", "música electrónica", "nova música de precussão", "nova música de piano", "música espacial", "música estatística", "música aleatória", "música electrónica ao vivo", "uma nova síntese de música e palavra", "música teatral", "música ritual", "música cénica", "composição de grupo", "composição processual", "composição momentânea", "composição por fórmulas", "composição por multifórmulas", "música universal", "telemúsica", "música espiritual", "música intuitiva", "música mântrica", e, por último, e não mesmo importante, "música cósmica".
Brilhante, fluente, louro, participativo, Stockhausen exalava o que mais tarde seria designado por energia positiva, embora certas tendências bem arreigadas de autoritarismo fizessem por vezes dele um colega insuportável. Nos seus últimos anos de vida revelou uma faceta mística do seu carácter que andava perto da extravagância: tinha já vivido muitas outras vidas e dizia ter origens extraterrestres."
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