Os Ciganos.
Este pequeno texto, escrito pela francesa Claire Auzias, está enquadrado por um longo precácio de Marcel Courtiade, então secretário da União Romani Internacional, Região Europa, e um posfácio de Françoise Kempf, dedicado ao "Estatuto dos Roms na Europa".
No seu conjunto este pequeno livro, que já tenho na minha posse há uns anos e agora decidi reler, retrata bem mas apaixonadamente a situação dos Rom no leste europeu, mas também, por arrastamento, no Ocidente europeu.
Ao ser um texto apaixonado, vai obviamente criar resistência em alguns. Perdem eles, o texto não. Faltou aos Rom um Bruce Chatwin que os tornasse encantados. E hoje por hoje o feitiço da música não chega, como a NBA demorou a servir a emancipação negra nos Estados Unidos, se é que alguma vez serviu. Ou o jazz...
Os tempos estão escassos para a poesia do viver cigano...
"Os ciganos não são mais europeus do que americanos ou índios. Os ciganos estão na Sibéria como na China. Sempre no avesso do cenário. Eles são a escória das sociedades dominantes, seja qual for a dominação. Onde estiver o cigano, há dominação. Os ciganos são um revelador das desigualdades, das exclusões.
E são mal conhecidos. Atribuem-lhes hoje, como ontem, virtudes e vícios extraordinários. Lisonjeiam a estranheza deles para melhor os ignorarem e a sua selvajaria para melhor os disciplinar. A sua vulnerabilidade para melhor os explorar, a sua fragilidade para os enfraquecer ainda mais. Os jacobinos perguntam se eles têm alma e os padres se eles têm religião, os revolucionários perguntam se eles são politicamente correctos. Os democratas, se eles são despóticos, as feministas se as mulheres deles são maltratadas; os historiadores, se eles têm história, os musicólogos se eles têm música, os higienistas se eles se lavam. Poucos povos entram no comércio com tantas negações. Os racistas duvidam que eles sejam uma verdadeira raça, os letrados que eles sejam capazes de escrever poesia. E os estetas fetichisam-nos."
Independentemente da paixão na escrita, pelo meio do texto aborda-se bem as questões da mulher, da mentira, do roubo, dos sinais exteriores de riqueza, da exploração infantil. Está qui tudo, bem explicado. Assim se queira entender e compreender.
No seu conjunto este pequeno livro, que já tenho na minha posse há uns anos e agora decidi reler, retrata bem mas apaixonadamente a situação dos Rom no leste europeu, mas também, por arrastamento, no Ocidente europeu.
Ao ser um texto apaixonado, vai obviamente criar resistência em alguns. Perdem eles, o texto não. Faltou aos Rom um Bruce Chatwin que os tornasse encantados. E hoje por hoje o feitiço da música não chega, como a NBA demorou a servir a emancipação negra nos Estados Unidos, se é que alguma vez serviu. Ou o jazz...
Os tempos estão escassos para a poesia do viver cigano...
"Os ciganos não são mais europeus do que americanos ou índios. Os ciganos estão na Sibéria como na China. Sempre no avesso do cenário. Eles são a escória das sociedades dominantes, seja qual for a dominação. Onde estiver o cigano, há dominação. Os ciganos são um revelador das desigualdades, das exclusões.
E são mal conhecidos. Atribuem-lhes hoje, como ontem, virtudes e vícios extraordinários. Lisonjeiam a estranheza deles para melhor os ignorarem e a sua selvajaria para melhor os disciplinar. A sua vulnerabilidade para melhor os explorar, a sua fragilidade para os enfraquecer ainda mais. Os jacobinos perguntam se eles têm alma e os padres se eles têm religião, os revolucionários perguntam se eles são politicamente correctos. Os democratas, se eles são despóticos, as feministas se as mulheres deles são maltratadas; os historiadores, se eles têm história, os musicólogos se eles têm música, os higienistas se eles se lavam. Poucos povos entram no comércio com tantas negações. Os racistas duvidam que eles sejam uma verdadeira raça, os letrados que eles sejam capazes de escrever poesia. E os estetas fetichisam-nos."
Independentemente da paixão na escrita, pelo meio do texto aborda-se bem as questões da mulher, da mentira, do roubo, dos sinais exteriores de riqueza, da exploração infantil. Está qui tudo, bem explicado. Assim se queira entender e compreender.
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