Se As Coisas Não Fossem O Que São
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HMP envelhece em verso, e eu envelheço com ele, leva uns anos de avanço o escritor, o leitor que eu sou, quase desde sempre, considera este lento declinar admirável.
"Enquanto um grupo de gente toma conta
do país e ouve as nossas conversas,
dos teus olhos vai caindo a baça luz
indicadora do tempo a passar.
Já não me lembro do que foste para mim.
Termómetro regulador do perdido,
oásis malignos das ilusões?
As minhas mãos já nem reagem.
É vulgar, não é coisa de monta -
precisam de alimento as mentes perversas,
enterrámos a cabeça na areia como a avestruz
e agora já não há volta a dar.
Sinto-me pior do que na Tanzânia um pinguim,
de robe azul clarinho, combalido.
Escrever vai ser só para quem tem coragem,
o amor será a última das preocupações."
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